sábado, 21 de novembro de 2009

Um novo começo 9

Capitulo 9

- Aahh! Joan gritava enquanto acordava de outro pesadelo. Desta vez, sonhou que seu amor por Gui estava ameaçado, pois ele havia sido trancado numa caixa de vidro e não poderia se comunicar com ela. Após uma tentativa frustrada de beijá-lo, ela acorda sufocada, respirando fundo.
Ao beber uma garrafa inteira de água gelada na cozinha, ela se lembra aos poucos do acontecido da noite anterior. Havia tido uma séria discussão com sua mãe após ela ter matriculado Ronnie em sua escola sem avisá-la. Sua mãe ignorava o fato de que, um dos motivos para ela ter concordado vir para a cidade, era afastar-se de Ronnie. Ainda se lembrava de alguns trechos da discussão:
- Joan, tira isso da sua cabeça. Alenne falava de pé, com a postura ereta que ela costumava ostentar. O Ronnie iria vir pra cá de qualquer jeito. Já estava combinado com os pais dele antes da gente se mudar. Só não te contamos porque...
-Porque você tinha certeza que eu não concordaria com isso né?
- Não é isso... Você estava muito fragilizada por conta da sua vó... Seu pai fala em tom terno.
- De qualquer forma, quem toma as decisões nessa casa não é você. Gritou sua mãe.
Neste momento, Joan vê que qualquer esforço seu será em vão. Seu ex-namorado que tanto a fez sofrer, está de volta, debaixo de seu teto e, o que é pior, de volta a sua vida.
Coloca o copo na pia enquanto anda pelo escuro procurando a escada que vai para seu quarto. Ao subir, ela sente um empurrão que quase a derruba no chão.
- Ah me desculpe.
-Tinha que ser você Ronnie. Fala Joan, irritada.
- Eu só estava descendo pra beber água. Está muito quente hoje e não consigo dormir.
- Eu sei. Mas eu preciso ir deitar. Logo estarei de pé de novo. O horário do Castelo é muito puxado.
- Espere. Diz ele pegando-a pelo braço. Tenho que te dizer uma coisa.
- Aff... Tente que ser rápido, por favor.
- É que eu... Na verdade eu não queria vir pra cá. Foram meus pais que me obrigaram a sair da fazenda. Desculpe-me se estou causando todo esse transtorno para ti. Disse ele com aquele sotaque carregado.
- Hum. Consente Joan, com expressão entediada, olhando para o lado. Agora pode soltar meu braço? Preciso durmir.
Ele alisa o braço mais carinhosamente.
- Mas... Não vou negar... A idéia de te ver de novo, me deixou muito feliz...
- Solta meu braço. Diz ela em um tom ríspido.
- Tá. Vou beber água. Boa noite.
Ela sobe em passos pesados. Se ela tivesse poder de lançar um raio sobre ele, com certeza, com o ódio que havia em seu coração, o raio se tornaria uma enorme tempestade devastadora.
Ao cobrir-se com o lençol e deixar entreaberta a janela para que o ar se renovasse, lembrou-se do momento em que Gui disse ter se lembrado do beijo na piscina. E indo mais longe ainda, sentia o gosto do lábio de Gui misturado ao sabor do cloro da piscina. Era o beijo mais saboroso de sua vida. As mãos de Gui, ásperas, sinceras, grossas, fortes, nem se comparavam aos toques de Ronnie. Joan se inebriava ao lembrar-se de Gui trajando aquele uniforme de almofadinha. O bordado em cima do peito, a mochila de carteiro, o cabelo negro, de lado, ainda com cheiro de cloro, um liso natural sem muito cuidado, no qual sua mão poderia perder-se infinitamente. No meio daqueles doces pensamentos dormiu, como que um anjo.
Chegou à sala de aula um verdadeiro bagaço. Não dormiu nada aquela noite. A hora que pegou no sono foi um pouco antes do despertador começar a tocar as músicas do rádio relógio. Logo no dia em que estrearia o uniforme novo, estava sem glamour algum. Cabelo preso em rabo de cavalo médio com uma franja caindo na frente de um dos olhos, maquiagem um pouco pesada para cobrir as olheiras, um batom um pouco mais forte que o habitual, e sono, muito sono.
- Joan, Joan, não durma na aula, a professora vai dar uma advertência a você se ficar assim. Laura falou ao ouvido de Joan para que ela retomasse a postura na cadeira.
- Ai ai... Se ela só ficar falando aí complica... Não sou fã de monólogos. Diz Joan, um pouco sonolenta e desajeitada.
- Fale baixo Joan, senão ela pode ouvir.
- Ah... Tá bom. Depois você me passa todas as anotações. Vou puxar um ronco. Diz Joan repousando sobre a carteira, enquanto a professora vem em sua direção.
- Acorde Joan, acorde, a professora está vindo! Sussurrava Laura.
- Joan, o que está acontecendo aqui? Foi pra balada é? Sua cara não é das melhores, parece que virou a noite na rua. Diz a professora cutucando Joan.
- Ah! Professora Melissa desculpe. Foi sem querer.
- É melhor que tenha sido mesmo. Se acontecer de novo, você vai pra direção. Agora desça e vá lavar este rosto. E tire esta maquiagem, está toda borrada.
Toda sala ri enquanto ela se levanta. Laura olha pra ela chateada. Pede pra acompanhá-la até o banheiro. Pega sua nécessaire na mochila e desce, seguindo a amiga.
Gui, no canto da sala, olha para ela, preocupada.
- Eu avisei... Você deveria pelo menos tentar ficar acordada... Seria melhor. Aconteceu alguma coisa que pudesse deixá-la chateada?
- Não... Joan mente, omitindo os fatos do dia anterior. Não quer que sua amiga saiba de Ronnie. Foi pura insônia.
- Acontece né. Aposto que ficou pensando no beijo da piscina. Disse Laura em alto som.
- Fale baixo! Você quer que alguém nos ouça? Disse Joan enquanto Laura passava o removedor de maquiagem no seu rosto.
- Mas me fale. Como foi o encontro de vocês?
- Se é que pode se chamar aquilo de encontro...
- Ah, mas não aconteceu nada?
- Conheci a tia dele e almoçamos na casa dele. Não pude ficar, tive que buscar Tales na escola.
- Mas e o beijo? Cadê? Perguntou Laura enquanto escolhia um tom de base para o rosto de Joan.
- Eu... Fiquei nervosa e não consegui... Sai correndo que nem uma louca!
- haahuehauhauahua! As duas riem da situação.
- Não pensei que fosse tão medrosa. Diz Laura com um riso no canto dos lábios.
- Ah Laura, poupe-me. Aposto como você nunca se apaixonou.
- Pior que sim.
- Hã? Diz Joan estarrecida.
- E o pior é que eu continuo apaixonada. Diz Laura sussurrando enquanto termina o trabalho de reconstrução no rosto de Joan.
- Quem é o gato pra eu poder te ajudar? Joan fala, empolgada.
- Ah... É o... Olha no espelho como você ficou, vê se você gosta.Diz Laura, despistando.
- Ta lindo, obrigada.
- De nada amiga, agora acho que é melhor que voltemos pra sala, antes que sintam nossa falta. E o Gui? Vai te esperar hoje?
- Ainda nem falei com ele... Espero que ele esteja lá, pelo menos pra eu dar um oi pra ele... Mas não me enrola e me mostra no intervalo quem é seu gato.
Elas saem do banheiro, voltando pra sala logo em seguida.
No intervalo, acaba nem vendo Gui. Só de relance, por um momento ele passa pelo pátio com uma pilha de papéis. Provavelmente pra gráfica da escola, onde é impresso o jornal.
O tempo voa e o sinal de ir embora toca.
- Joan, até amanhã. Olha ali o Gui está te esperando. Diz Laura apontando para o portão da escola. Gui aparece encostado no muro lendo um pequeno panfleto. Enquanto chega um outro cara e se encosta no muro, ao lado de Gui.
Joan tem uma visão dos infernos: Aqueles cabelos loiros e lisos se movimentando como um leque e aqueles olhos verdes não poderiam ser de outra pessoa. O cara que se encosta ao lado de Gui é Ronnie, que provavelmente foi à escola para xeretar sua vida! Sem saber que passo dar ela fica ali parada, sem reação, enquanto sua amiga Laura, sem entender a reação da amiga, fica ali tentando compreender o que está acontecendo.

Um comentário:

  1. Vê se não me enrola e posta logo o 10 cap. eu quero saber qm e´o gato da Laura rs...Lendo essa história da muita vontade de vÊ o anime rsrs
    BEIJOS

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